Na segunda semana de maio em uma conversa com os amigos do curso de Arquitetura e Urbanismo, surge o convite - queres fazer um highline aqui no prédio?
A ideia propõe uma intervenção no prédio. Busca-se um objetivo maior, usar uma estrutura urbana destinada ao ensino e uso educacional, como também um local de prática esportiva.
Na semana a ser realizado o highline, o curso de Arquitetura e Urbanismo, propõe discussões sobre seu currículo, seu impacto social e a vivência na sociedade, intitulada de semana experimental não teria época melhor para uma intervenção deste tipo.
O prédio tem a forma semelhante a uma meia lua, tornando o mesmo ideal para uma travessia de highline. Por frequentar aquela área da universidade, tendo algumas vezes aulas ministradas nas dependências, já havia imaginado esta possibilidade, e nada melhor do que colocar em prática.
Formato de meia lua da edificação. |
Escolhemos assim, uma janela que saia logo ao lado da árvore e que não perderíamos muita distância. A ancoragem do highline foi fixada em uma viga de sustentação do prédio no lado móvel (aonde se efetua o tensionamento da fita) saindo pela janela, e no lado fixo foi amarrado por entre as janelas, com um backup na coluna de sustentação.
Detalhe ancoragem lado móvel. |
Detalhe ancoragem lado fixo, utilizando das janelas. |
Com os locais escolhidos, efetuamos a montagem no dia 13 durante a noite, acorrendo tudo conforme planejado. Apesar da grande vontade de andar, acabou ficando para o outro dia a primeira tentativa.
O combinado era iniciar as travessias no período da tarde, e foi assim que os fatos foram acontecendo. Não tinha um horário estabelecido, o que gerava um ar de expectativa entre as pessoas que estava participando da semana experimental. Elas sabiam que alguém ia atravessar, não sabiam quando e quem eram os "malucos".
Ao chegarmos no prédio por volta das 14:00 horas do dia 14 de maio, não conseguíamos pensar em outra coisa se não experimentar aquele belo highline urbano.
Eu fui o primeiro e logo em seguida o Vinícius Goulart. Ao passar a janela e me pendurar no highline as pessoas foram se juntando, criando expectativas e se acomodando para assistir. A travessia foi bem agradável a tensão estava boa e o dia ajudava. Durante a ida senti a energia das pessoas, percebi um pouco da angustia que elas sentiam, e pude também receber as boas energias compartilhadas. Ao finalizar a travessia sem quedas, fui recebido com uma salva de palmas, e aquela sensação de alívio tomou conta dos presentes. Eu me divertia com toda aquela circunstância, aquele espanto do novo do inesperado me deixava confortável.
Foto: Luísa Harger |
Na volta senti o ar mais leve, era possível perceber a respiração mais tranquila e um maior entendimento sobre o que estavam presenciando. E novamente ao finalizar palmas.
Foto: Luísa Harger |
Este primeira travessia tinha um caracter maior de apresentação, e aos poucos o highline foi se familiarizando com o local e as pessoas, não gerando tanto espanto. Sem antes meu amigo e parceiro de highline em sua travessia Vinícius Goulart, nos proporcionar um leashfall (queda do slackline), para desespero do pessoal e susto aos desavisados. Momentos que só esse cara pode proporcionar, grande BOXXXX.
E foi nesse clima de intervenção e tranquilidade que curtimos até o anoitecer. Tivemos a primeira tentativa do Thiago Veloso no highline, que mandou muito bem devido as circunstâncias, e também a segunda tentativa do Pedro Caetano. É muito gratificante ver as pessoas rompendo os medos e se desafiando.
Este foi minha segunda montagem urbana de highline, e foi um ótimo treino acima de tudo. Conhecimento adquirido e pronto para outros desafios urbanos ou naturais.
Fica aqui o depoimento de um acadêmico(a) da UFSC:
"A meu ver, slackline conquista porque sentimos na pele a concentração de quem faz uma travessia, à medida que acompanhamos cada passo. É um desafio, é um "por que não?", sobre fitas emolduradas por paisagens que passamos a reparar de uma forma diferente. A travessia do Rafael no prédio da Arquitetura na UFSC, foi o contato mais próximo que tive com o esporte e percebi o quanto o equilíbrio, não só físico mas também o mental, e o foco, podem ser a base de um esporte que convida à todos. É bacana porque ao assisti-lo, me perguntei se conseguiria fazer o mesmo, ou então, de que outras formas poderia me desafiar, e isto é importante considerando a tendência que temos hoje em dia a cair numa rotina, esquecer que podemos fazer algo tão diferente." (Luísa Harger)
Especificações do highline:
Fita Principal: T-18 MKII
Backup: Aero
Distância: aproximadamente 43 metros
Altura : aproximadamente 15 metros
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